







Dois de Novembro, domingo, rescaldo do feriado festa de todos-os-santos, oito da manhã, cinco graus de temperatura, nevoeiro intenso, eis as condições ideais para pedalar… mas no vale das mantas, claro! Bem e já agora se não é pedir muito, de preferência acompanhado…
Mas qual vale das mantas qual caraças…
Cinco cabeças no ar, Filipe, Quim, Carlos, Eduardo e Luís, investidos na pele de D. Sebastião, pegaram nas bikes e romperam por entre a intensa neblina, desafiando a cada pedalada os cinco célsius que se faziam sentir. Que o diga o Filipe que se apresentou de perninha ao léu exibindo uma pele de fazer inveja a qualquer galinha. Confesso que tive pena do rapaz, mas isto sim, é espírito de Bttista.
Só havia uma hipótese. Pedalar, pedalar e mais pedalar para aquecer, nem mais!
Vamos a isso…
Saída de Arreciadas, pai neto acima, camelo, e aqui a primeira dica do nosso guia, o camarada Quim “vamos por aqui” e fomos…
Mas lá está o velho ditado “Quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos”, nem mais! Volvidos cerca de cem metros e ai estão eles com as meninas às costas a trepar por cima de enormes pinheiros caídos na estrada. Fez-me lembrar a pista de obstáculos na tropa, a única diferença é que lá era de mochila e G3 e aqui era com a minha menina!
Subimos à Ameixeira, direcção Casal do António, Coalhos, Pego e aqui nova dica do Quim “vamos por aqui para o monte do Negrinho” e fomos…
Desta vez acabamos brindados com um vale sem saída!... O guia estava azarado. Novamente meninas às costas, sobe mato, desce mato, passa lavrado, olival e finalmente o abençoado alcatrão do negrinho.
Do monte do Negrinho subimos ao monte da Burra e mais à frente novamente travados….
Não, agora não foi por dica expressa do Quim, mas o homem levava-nos que nem uns alvos direitinhos à carreira de tiro… Safa!
Valeu-nos o guarda da reserva de caça, que muito bem nos alertou para o perigo daquele itinerário, pois haviam muitos caçadores na zona o que aliado ao intenso nevoeiro potenciava, e de que maneira, o risco de acidente. Como prevenir é o melhor remédio, toca a voltar para trás.
Foi neste momento que nos cruzámos com três camaradas Bttistas pegachos, o Valério, o João Paulo e o Paulo Sérgio, que após difíceis negociações, aceitaram substituir o nosso guia e tirar-nos dali!
Agora no comando, Pegacho substitui Pegacho e aí vamos nós pedalando cabeço acima à descoberta de um afamado single-track, mas afinal nem foi preciso lá chegar para começar a adrenalina, pelo menos para mim, que senti bem na pele o quanto ali as pedras são duras… e que realmente não é o melhor sitio para um homem se espojar!
Bem, single-track à vista e vamos nós a dar-lhe por ali abaixo por entre valas, pedras e troncos com a adrenalina ao rubro. Espectacular!
Direcção ribeira do Negrinho, e aqui há que dar os parabéns ao homem, obrigado Sócrates por te teres lembrado de nós e teres mandado ali fazer uma ponte para não molharmos os pés, que com este frio diga-se, não é nada agradável, és um mãos largas…
Negrinho acima, serpenteando entre um sobe, sobe e desce e lá estamos nós no alto da Ameixeira todos com os bofes a sair pela boca, mas que foi porreiro, lá isso foi.
Foto de grupo, e agora que estávamos guiados, foi o agradecimento aos camaradas Pegachos que seguiram para um lado e nós para outro.
Novamente um Pegacho no comando, agora o Carlos a marcar o trilho…
Ameixeira direcção à padeira, descida aos vales, direcção ao monte do caldeiro e aqui mais uma abençoada ponte para passar a ribeira. Direcção a Bemposta, campo de futebol acima em direcção à mata dos Ingleses, e aqui cheguei a pensar que o Carlos não andava bem com a vida! Já com quarenta e tal nas pernas, o homem acabava de escolher uma subida longa com pedra solta, daquelas que maça, maça e parece que nunca mais acaba, mas acabou!
Mata dos Ingleses, direcção ao Casal do Vale Cortiças, onde chegamos após mais uma longa e bonita descida. Alcatrão à vista, por aqui “rolámos” até ao Tobas.
E foi mais ou menos assim que se percorreram cinquenta e quatro quilómetros por entre nevoeiro, caçadores e Pegachos…
P`ra semana há mais, divirtam-se!
Texto: L.I.
Fotos: F.M.
Cartografia: C.C.